sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Princípio

No início havia o tudo e havia o nada
No nada estava o tudo, e ele pairava por sobre as águas
(mas estas também nada eram)

No início havia o caos e havia a calma
O caos continha a calma
(e esta também era caótica)

No início havia o final e havia o começo
E todo final era começo
(sendo qualquer começo apenas um passo a menos
para todo final).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Se me entrego ou não eu já nem sei.
Mas acho que deve se chamar assim - entrega.
Porque outrora não sustentava meu olhar no teu, e hoje dele já não consigo escapar.
Pois nunca me pareciam compridos os dias sem tua presença e agora já são ínfimos os minutos.
E tua pele, que nunca me surtiu efeito, faz-me agora transpirar a cada instante que nos tocamos.
E esse sentimento (ou sensação, ou emoção?) sem definição me toma a mente, e mais que isso, me possui o corpo, e me popula a alma.
Sou habitada por algo (ou alguém?) desconhecido. Mas ao menos sou habitada, e não casa vazia como já fui, como ainda pensei que fosse, até dar por mim e ver você em meu lugar.
Não sei se abri a porta, nem ao menos se você bateu. Talvez a soleira vazia do meu peito convidasse a entrar. E por mais que eu dissesse não (e o quanto ainda digo!) você não quis escutar. Entrou sem pedir licença, sem nem ao menos me comunicar.
E fez morada, e mudou tudo, e quebrou as paredes, riscando seu nome por todos os lados, e deixando bem claro que agora era tudo seu.
Se te aceito ou não também não sei.
Mas deve se chamar assim - aceitar.
Porque já sorrio mais que antes, e canto e escrevo mais que antes.
Existo mais que antes também, porque agora você existe em mim.

Um cavalo morto é um animal sem vida.

http://www.youtube.com/watch?v=0D92AS8HqLA

só uma coisa a dizer: acho que aderirei a moda funk.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Conexão

Às vezes eu falo coisas. Não, não, inicialmente, às vezes eu penso coisas. Não sei (e não acho que ninguém sabe ao certo) como as idéias surgem. Talvez de sinapses nervosas, conexões de neurônios, seiláoque de mielina, ou algo do tipo. Esse não é o ponto, de qualquer forma. O ponto é que sem mais nem menos elas aparecem. E no começo é muito fácil de controlá-las. Basta que desviemos nossa atenção. Mas com o tempo, algumas delas se fundem, criam raízes, se encravam em nossa mente de tal forma que é inevitável que notemos sua presença incômoda.
Daí surgem os pensamentos - das idéias. Idéias que se recusaram a ir embora. E quanto mais pensamos, mais temos pra pensar. No meu caso, em coisas, quase nunca agradáveis. E o pensamento evolui também. Para uma vontade. De expressar. Porque, como dito antes, somos seres narradores. E essa característica inerente ao ser humano faz-nos não conseguir manter as coisas pra nós mesmos.
E então voltamos ao começo: às vezes eu falo. Eufemismo a parte, eu falo quase sempre. Eu falo muito, falo pelos cotovelos (como diria minha avó). E as idéias, transformadas em pensamentos que viraram vontade então viram palavras. E muitas delas não deveriam virar. Mas minhas palavras são mais fortes que eu. Minhas palavras derivadas de idéias que não deveriam ter existido saem e aí vem o pior: os problemas.
Idéia, pensamento, vontade, palavra, problema.
Se eu pudesse manter minha boca fechada...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Quando o tempo pára
[olhares se cruzam]
O barulho zune em meus ouvidos
[do descompasso dentro do meu peito
tun tun
tun
tun]
Quando, até quando, você ainda vai entrar em mim
E me expulsar da minha mente, ocupando tudo
[depois me rasgando
de dentro
pra
fora]
O zunido mais forte
Enquanto meu coração bate
[ tun





tun]
Devagar e sempre
Mas nem sempre devagar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Linguagem Expressiva

Eu creio
Eu faço
Eu sou
Conjugando verbos no egocentrismo
Acabaremos todos justamente como começamos:
Sendo a primeira pessoa

do


SINGULAR.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Nevermind

Em minhas noites não dormidas sempre recorro à atividades diferenciadas. Se não fosse desse jeito, já haveria sido consumida pelos pensamentos que me cortam.
Meu lexotan se foi, e agora não há sono que venha.
Você também se foi, e eu não sei dormir sem te ter ao meu lado.
Eu não sabia, ou fingia que não, que te queria tanto assim. No silêncio que faz a casa eu sinto falta do som da sua voz, e até mesmo do seu silêncio. Uma vez você me disse que o vazio vem quando o outro vai, mas eu não entendi. Eu não entendi porque naqueles dias eu andava muito ocupada para me preocupar com você. Mas agora eu sei. Agora eu tenho tempo demais para saber.
Talvez teria sido melhor continuar na minha ignorância infantil.
Agora eu tenho medo quase todo o tempo. De que você se vá, ou pior, de que eu não consiga ir quando quiser. ‘ Até o amor excessivo pode nos sufocar’, é verdade. Eu não sei mais respirar, eu não sei resistir ao tornado de sentimentos que vem de você pra mim.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Numa comparação grosseira, é como afogar-se em si mesmo. De repente seu corpo é só superfície e você está lá no fundo, bem longe, alheio ao que acontece.
As pessoas que falam
E os carros
A poeira
Só há lugar para uma coisa, essa prevalece sobre tudo mais: o desespero.