terça-feira, 30 de novembro de 2010

entre Pagu e Amélia

nunca tive mesmo vocação para princesa infantil
enquanto todas as outras meninas se perdiam em contos de fada
eu fugia das mãos protetoras de pais e professores...
não fui feita para ser cuidada

nunca quis mesmo ser a noiva dos sonhos
enquanto todas as mulheres de vidro, necessitadas de um marido gentil
eu queria viajar, conhecer, explorar...
não fui feita para ser servil

nunca quis ser a dona de casa feliz
enquanto todas as outras passavam anos comprando enxoval
eu gastava tudo com exposições, teatros, jantares...
não fui feita para ser banal

mas aí apareceu você.
sorrindo, gostando dos mesmos filmes, das mesmas musicas, dos mesmos cigarros, do mesmo café
e eu esqueci como era pra ser
e passei a viver só o que é

sem saber ao certo se me entrego ou se fujo
entre o que sou e o que achei que seria
todas as concepções de mundo, as idéias embaralhadas
e no meio você, meu deus, quem diria

nessa balbúrdia, nessa confusão
já me esqueço se sou mulherzinha
já não sei se já fui quem pensei
o que eu sei nesse momento é que não quero mais ficar sozinha.