quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

é só mistério não tem segredo

Acho que os grandes autores são grandes porque escrevem coisas que nos fazem pensar: "Esse cara me conhece de onde?". Mas, na verdade, talvez isso aconteça porque, no fundo, as angústias humanas são muito limitadas, muito parecidas, ou mesmo iguais.

Florbela Espanca escreveu: "O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"

Eu nunca conseguiria colocar em palavras de uma forma tão perfeita o que eu sinto. E, há quase um século, ela colocou. O que une seres humanos tão distantes? Somos tão pequenos. Em K-pax ele fala algo como somos todos conectados, dependentes, necessitados uns dos outros. Vivemos nos batendo, nos tocando, na esperança de sentir algo, de achar alguém.

Aí vem ela denovo dizendo: A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.

As coisas que escrevo, ultimamente, parecem muito deprimentes. Mas é porque em nenhum outro lugar posso falar com tanta sinceridade.
Me sinto pequena, bem pequena. Sabe aquela expressão, que tem em todo filme: "don't be too harsh on yourself?". Pois é, eu sempre sou.

Mas há alegria também. "Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar...."
É preciso ser maior que o mundo às vezes. E ao mesmo tempo saber e encontrar... nas menores coisas.