segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Conexão

Às vezes eu falo coisas. Não, não, inicialmente, às vezes eu penso coisas. Não sei (e não acho que ninguém sabe ao certo) como as idéias surgem. Talvez de sinapses nervosas, conexões de neurônios, seiláoque de mielina, ou algo do tipo. Esse não é o ponto, de qualquer forma. O ponto é que sem mais nem menos elas aparecem. E no começo é muito fácil de controlá-las. Basta que desviemos nossa atenção. Mas com o tempo, algumas delas se fundem, criam raízes, se encravam em nossa mente de tal forma que é inevitável que notemos sua presença incômoda.
Daí surgem os pensamentos - das idéias. Idéias que se recusaram a ir embora. E quanto mais pensamos, mais temos pra pensar. No meu caso, em coisas, quase nunca agradáveis. E o pensamento evolui também. Para uma vontade. De expressar. Porque, como dito antes, somos seres narradores. E essa característica inerente ao ser humano faz-nos não conseguir manter as coisas pra nós mesmos.
E então voltamos ao começo: às vezes eu falo. Eufemismo a parte, eu falo quase sempre. Eu falo muito, falo pelos cotovelos (como diria minha avó). E as idéias, transformadas em pensamentos que viraram vontade então viram palavras. E muitas delas não deveriam virar. Mas minhas palavras são mais fortes que eu. Minhas palavras derivadas de idéias que não deveriam ter existido saem e aí vem o pior: os problemas.
Idéia, pensamento, vontade, palavra, problema.
Se eu pudesse manter minha boca fechada...