terça-feira, 9 de junho de 2009

die bitch

Mais um da coleção de textos antigos:

O que me leva a ter abuso eu realmente não sei, eu só sei que ele me ataca em momentos inesperados, como se estivesse o tempo todo atrás da porta, espreitando, observando e calculando todos os meus movimentos, para na hora mais inapropriada, pular em cima da minha cabeça me deixando desnorteada, chata e, claro, muito abusada.
Mas deixe-me definir abuso para que fique bem claro que abuso não é chilique, não é charminho, não é besteira. Abuso deveria, na minha mais sincera opinião, ser posto na lista entre as piores doenças do mundo. Lá em cima, junto de câncer, aids, e, claro, cólicas menstruais. Não, eu não estou exagerando, nem tentando provar meu ponto de vista, mas é provado cientificamente que abuso é ruim para a saúde e pode matar.
Me diga se tem coisa pior do que um indivíduo do qual você está pra lá de abusada vir lhe dar um abraço e um beijinho, ou puxar papo enquanto você está na fila para pagar uma conta da qual você esqueceu e se lembrou em cima da hora do banco fechar (situação em que, claro, o senhor abuso já está presente lhe martelando o juízo) ? Não, não tem. Aliás, pode até ter. Outras situações altamente abusivas que a vida insiste em trazer e empurrar em cima de mim. Estou eu em algum lugar, minding my own business, quando me vem aquele calor, eu me sinto gorda, descabelada e simplesmente horrosamente feia. Então passa aquela menina que eu detesto, linda, maquiada e cheirosa. Não minha gente, não é inveja, é abuso. Abuso do mundo por girar, da mãe natureza por ser injusta e da porra do meu condicionador que me prometeu um cabelo bom. Coisa que, vamos encarar, não tem milagre que faça acontecer.
Eu sei, eu sei, tem gente que vai me chamar de drama queen, de fresca, de porre. Mas puta que pariu, alguém nesse mundo tem que me entender. Não é culpa minha - eu já disse - se o abuso me escolheu como uma das suas vítimas preferidas. Eu queria, mas queria mesmo, ser completamente imune à chatice que o abuso traz como companheira. Mas pro meu azar, ainda não inventaram vacina pra esse mal. Por sinal, como último remarco, por que esses cientistas ficam por ai se preocupando em descobrir coisas inúteis como a composição da matéria ou o poder elétrico de um elétron ou sei lá o que, quando eles podiam estar se preocupando em achar uma cura pro abuso? É sério, alguém precisa se tocar que o mundo seria um lugar bem melhor se a gente tivesse um antídoto anti-abuso. Eu, pelo menos, admito que eu preciso de um. E um BEM forte.