quinta-feira, 4 de junho de 2009

if you let him get into your skin (don't be afraid)

Eu tenho medo do que eu sinto por você. E eu tenho mais medo ainda do que você pode não sentir por mim. É horrível quando a gente se abre assim, deixando tudo a mostra, permitindo que qualquer um entre e faça morada dentro de nós. Porque depois que esse alguém descobre que nosso aluguel é muito caro, ou que o nosso coração é mesmo muito bagunçado e mal pintado ele resolve se mudar. E fica vazio. Muito vazio. Um vazio que eu nunca perceberia que tinha, se não fosse você pra me mostrar que não se pode ser feliz sozinha. Então eu vou lá e tento reconstruir todas as maldidas paredes que você insistiu em quebrar. Só que na sua pressa de partir você acabou deixando pra trás um pedaço de si.
Agora, no meio do caos no qual se encontram meus sentimentos, eu não consigo mais distinguir o que era antes e o que é agora. Porque agora eu sou você. Agora eu gosto mais de café preto do que de latte, porque você me acostumou assim. Agora eu escuto sempre àquela banda irlandesa, porque você me acostumou assim. Agora eu compro incenso de canela com açúcar, porque você me acostumou assim. Agora eu não sei mais quem eu era ou o que eu gostava de fazer, porque você me acostumou assim.
E as paredes continuam no chão e eu pareço cada vez menor no vão imenso que ficou. Eu pareço diminuir a cada dia diante do medo que eu tenho de não te achar nunca mais.

(poema antecedente e este texto fazem parte de um acervo muito, muito antigo. resolvi colocar dessas relíquias por aqui).