terça-feira, 2 de junho de 2009

Poema do Beco (ou) O Escafandro e a Borboleta

Acho que todo mundo passa por momentos de escafandro. Eu estou passando por um agora. É como se tudo que eu fizesse fosse muito... limitado (talvez convencional fosse a melhor palavra). Meu curso, meus relacionamentos, minhas leituras, minhas opiniões... é tudo muito normal. A vida não é como nos livros, cheia de situações inusitadas, pessoas diferentes e portas que se abrem a todo momento. É isso que dá gostar demais de ler romances. E de ver filmes. E de ver seriados. A gente acaba inconformado com a mesmice da nossa vida. Parece infantil, eu sei. Mas quem nunca se perguntou se estava fazendo as coisas certas? Ou melhor dizendo, as coisas erradas, ou mesmo coisa alguma, contanto que fosse algo que marcasse, que mudasse, que.... E a vida não tem final feliz, tem? Não do jeito dos contos. (mais uma vez, é isso que dá viver mergulhada em literatura).
Escafandro. Sim. Preso. Sem poder sair. Só observando o circular do mundo lá fora.
Agora eu sei que posso responder o que minha aluna me perguntou ontem sobre o que Manuel Bandeira quis dizer com “Vou me embora para Pasárgada”. Ele o diz novamente no poema com o mesmo título desse texto:
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha
[do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
Em Pasárgada não. Lá “a existência é uma aventura”. Em Pasárgada a vida é Borboleta.
Borboleta. Sim. Livre para voar. Para experimentar. Para viver.

(mas não quero ser ingrata. sendo a conformista que por vezes sou, estou demasiadamente feliz com minha vida escafandro, porque às vezes, sim, muitas vezes até, me permito ter momentos borboleta).